- Metamorfose
- Posts
- A Lição Que o Mestrado Me Ensinou
A Lição Que o Mestrado Me Ensinou
Metamorfose - Edição #009
FECFAU - UNICAMP, 2022
Uma dor de cabeça latente, braços e pernas fracos, olhos com ardência, estava com suspeita de Covid-19. Entro na sala de aula para fazer a última prova do semestre, a mais difícil. Olho para a prova e os números e letras parecem estar embaralhados.
Meu coração dispara e penso: preciso tirar “A”. Mas minhas condições não me permitem pensar e raciocinar para resolver problemas matemáticos desse nível.
Respiro fundo.
Eu só penso na minha cama, coloco a mão sobre meu rosto respiro fundo de novo e de novo…
Até tentar voltar para a realidade.
Estudei durante muitos dias e noites para finalizar o conceito com nota “A". Durante o período que estive no Mestrado, os professores sempre avaliaram o desempenho do aluno analisando: frequência nas aulas, interação, atividades individuais e provas.
Essa disciplina foi diferente (não irei revelar o nome da disciplina por motivos éticos), fomos avaliados apenas pelas provas.
Diversas vezes, senti um ar de superioridade e deboche quando ouvia essas palavras na sala de aula: "Todos os alunos da gradução foram mal minha disciplina".
Ok, quando isso acontece o problema são os alunos ou o professor?
Depois de fazer a prova, eu sabia que não ia tirar um "A", mas não esperava um “C”, isso mesmo, tirei 1,5 na prova (sinto vergonha até hoje). Pedi para que a professora pudesse rever o conceito, pois havia frequentado todas as aulas, realizado todas as atividades e no dia da prova estava com Covid.
A resposta veio assim:
“Lamentável”.
“Vocês precisam estudar mais".
"Pensam que sabem, mas não sabem."
Minha nota foi ruim, eu sei, mas não foi por falta de dedicação. Porém, isso não foi questionado e nem levado em consideração.
Como vocês já sabem, sou melancólica, e uma das características do melancólico é a memória afetiva, reter com intensidade aquilo que é bom e o que é ruim também.
Particularmente, tenho uma outra característica que pode parecer peculiar. Às vezes, quando fico muito nervosa começo a dar risada (as pessoas acham que estou brincando, mas estou muito séria por dentro. Alguém sabe como resolver isso e por que isso acontece?).
Li essas palavras do e-mail rindo, mas guardei com muita ênfase. E tudo o que eu pensei foi: Não quero ser assim.
Aprender o que fazer é muito relevante, mas aprender a identificar o que não fazer é ainda melhor.
Uma coisa é certa, não temos controle sobre as palavras que as pessoas escolhem dirigir a nós, mas podemos administrar como essas palavras irão nos afetar e se realmente terão um impacto duradouro e negativo.
A linguagem escolhida pela professora e a falta de empatia na comunicação contribuiu para que eu tivesse uma percepção de arrogância. Me questionei: se eu não concordo com o comportamento dela porque eu deveria ser guiada por ela?
Arrogância: o comportamento de uma pessoa quando ela sente que é mais importante do que as outras pessoas, de modo que ela é rude com ela ou não as considera.
Ele tem uma reputação de grosseria e arrogância intelectual.
Repreensão é algo bom, desde que, seja feito com sabedoria. Isso está relacionado com a nossa forma de se relacionar com as pessoas.
Reply