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O autoabandono começa em pequenas escolhas

Metamorfose - Edição #080

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Outro dia, uma mulher me disse com os olhos vazios:

“Não sei mais o que sinto. Só sigo.”

Ela não parecia triste. Nem feliz.

Parecia anestesiada.

E foi aí que eu entendi: o autoabandono raramente começa com um grande trauma.

Ele começa com pequenos gestos — que parecem autocuidado, mas no fundo são fuga.

Dormir demais “pra descansar”. 

Comer sem fome “pra se recompensar”.

Dizer “sim” pra todo mundo “pra ser boa”.

Tudo isso soa como carinho.

Mas, muitas vezes, é só um jeito elegante de evitar olhar pra dentro.

🩹 Quando o cuidado é, na verdade, uma fuga

“Toda fuga tem um preço. E quase sempre, o preço é você mesma.” - Lya Luft

Uma nova Sara nasceu.

Ela acorda cansada, mesmo depois de oito horas de sono.

Abre o celular no piloto automático.

Passa os olhos em mensagens que não tem energia pra responder.

Levanta devagar. Liga o chuveiro.

Deixa a água correr mais do que precisa.

Diz pra si mesma que “é só pra relaxar”.

Mais tarde, vai repetir:

“Vou comer isso aqui porque mereço.”

E no fim do dia:

“Só um episódio, pra desligar um pouco.”

Na hora de dormir, o corpo implora por descanso…

Mas a mente segue girando, cheia de conversas não resolvidas.

Tudo isso parece autocuidado.

Mas tem cheiro de fuga.

Ela não quer pensar. Nem sentir.

Não quer encarar o peso que vem crescendo — aquele cansaço que não passa com descanso.

Então preenche o tempo com distrações:

trabalho, comida, redes, promessas de que “semana que vem melhora”.

No fundo, ela sabe.

Mas não quer admitir.

Que aquilo que chama de autocuidado…

é só uma forma mais bonita de se esconder da própria alma.

🔄 Toda vez que você silencia o que sente, se abandona um pouco mais

“Negar o que você sente é desaparecer aos poucos.” - Carl Jung

Ela aprendeu a ser forte.

Desde cedo.

Ser compreensiva. Ser útil. Ser luz na vida dos outros.

E, aos poucos, também aprendeu a calar a própria dor — porque parecia feio sentir demais.

Por isso, engole sapos.

Sorri por educação.

Finge que não se importa.

Repete “tá tudo bem” até essa mentira soar como verdade.

Mas no fundo, sabe: não tá.

Ela só não quer incomodar.

Nem quebrar a imagem de “mulher equilibrada” que todos esperam.

Só que tem um preço.

Silenciar o que sente é apagar sua própria voz, de dentro pra fora.

Diz “sim” quando queria dizer “não”.

Se força a ser agradável, mesmo quando algo grita “chega”.

Cuida dos outros com uma dedicação que nunca oferece à própria alma.

Isso não é bondade.

É autoabandono.

🪞 Autoimagem ferida, autoestima em ruínas

“Você começa aceitando menos do que merece... e termina esquecendo quanto vale.” - Brené Brown

Autoabandono é traição silenciosa.  

Você se coloca por último uma, duas, cem vezes… e começa a acreditar que merece esse lugar.

A autoestima não cai de repente.

Ele se desfaz pelas bordas — sem barulho, mas com consequência.

Você começa ignorando o que sente.

Depois, se desculpando por existir.

E termina implorando — em silêncio — por migalhas de afeto.

Tudo porque, no fundo, acredita que é o que sobrou pra você.

E isso vai corroendo a forma como você se vê.

O espelho não mente.

Mas sua autoimagem começa a distorcer tudo.

Você já não reconhece sua beleza. Sua força. Sua luz.

Começa a se enxergar pelos olhos de quem te ignorou.

De quem não te escolheu.

De quem te usou.

É como viver sob um feitiço — um encantamento que te convence, dia após dia, de que não é suficiente.

E o mais perigoso?

Você começa a se tratar como os outros te trataram.

Com pressa. Com frieza. Com descuido.

Quando a alma está ferida, até a voz de Deus parece distante.

Você até ora. Mas não sente.

Tenta confiar… mas parece que Ele fala com todo mundo, menos com você.

Tudo isso porque você se perdeu de si.

🔥 A dor que você foge é a dor que pode te transformar

“Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nossas dores.” - C.S. Lewis

Você quer se curar?

Então precisa começar por onde dói mais: perdoando.

Perdoando a si. Perdoando o outro. Aceitando o perdão de Deus.

Não tem outro caminho.

Antes do alívio, vem o esvaziamento.  

Antes da leveza, vem a decisão de soltar.

O primeiro passo da cura… é o perdão.

Você tem tentado remendar, tapar buracos, seguir com fé e maquiagem.

Mas tem rachaduras que não se curam com pressa. Nem com disfarce.

Alma rachada não quer distração. Quer atenção.

A dor não desaparece quando você foge dela, Ela só muda de roupa.

A dor não veio pra te destruir, veio pra te despertar.

Deus não desperdiça dor. Mas nós desperdiçamos a inteligência dela quando insistimos em ignorá-la.

Perdonare: o paradoxo da cura emocional

“Perdoar é libertar um prisioneiro… e descobrir que o prisioneiro era você.” - Lewis B. Smedes

O significado etimológico de perdão é: Perdonare. 

No latim, significa: dar completamente.

Para receber cura, precisamos dar o perdão.

Perdoar não é esquecer. Não é justificar. Não é fingir que não doeu.

É abrir mão da explicação. Do pedido de desculpa que nunca veio. Do desfecho que você merecia, mas não teve.

E fazer isso não pelo outro. Mas por você.

Tem coisas que só chegam quando você solta o que está travando o fluxo.

Quando você entrega o perdão, recebe paz, quando solta a dor, recebe cura.

Quando libera, se liberta.

Deus age no espaço que você abre, mas enquanto você segura, Ele espera.

Você não precisa esquecer o que viveu. Precisa parar de reviver isso todos os dias.

O perdão é ponte do passado para a paz.

Do rancor para o renascimento, do peso para a presença.

E só pode ser preenchida quem estiver vazia das mágoas que ocupavam o lugar.

“Deus não cura o que você joga pra debaixo do tapete.”

Lembra da mulher do começo?

Aquela que disse com os olhos vazios: “Não sei mais o que sinto. Só sigo.”

Talvez… ela seja você. Talvez você também tenha se acostumado a seguir, funcionar, manter tudo em pé — mesmo sentindo que algo dentro de você já caiu.

O que te trouxe até aqui foram estratégias de sobrevivência, mas o que vai te levar além é a entrega.

Não a entrega bonita e instagramável. Mas a real. Crua. Imperfeita.

Do jeito que está, você não precisa entender tudo.

Nem saber como vai ser daqui pra frente. Só precisa dar um passo. Abrir espaço.

Se permitir sentir.

Porque a dor que você tenta esconder, é a mesma que Deus quer usar pra te curar.

Deus não cura o que você esconde, mas transforma tudo aquilo que você tem coragem de entregar.

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