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Quem é você quando ninguém está olhando?

Metamorfose - Edição #084

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Quem é você quando ninguém está olhando?

A verdade é que você não é uma só pessoa.

Você é feita de camadas.
De personagens que às vezes cooperam e outras vezes te sabotam.

Tem uma parte sua que quer acordar cedo, construir algo, fazer a diferença.
Mas tem outra que quer sumir do mundo. Dormir até tarde. Esquecer que existe boleto, rotina, julgamento.

Tem uma parte sua que sonha alto.
E outra que sabota desde o primeiro passo.
E outra que finge não estar nem aí, mas no fundo se importa mais do que gostaria de admitir.

Talvez seja por isso que você se sente tão confusa.
Porque, em vez de seguir em linha reta, você vive puxado por cordas que te levam para lugares diferentes.

No fundo, é como dirigir um carro com vários passageiros desejando ir para lugares diferentes.

E o mais assustador é que todos eles são você.

Essa bagunça silenciosa é o que chamamos de conflito interno.
Mas esse conflito tem nome.

Hoje, quero te apresentar uma ideia que pode mudar a forma como você se vê — e como reage aos conflitos da vida:

Os arquétipos.

Não é papo esotérico.
É psicologia.

Carl Gustav Jung — um dos maiores estudiosos da mente humana — dizia que nós somos habitados por imagens universais.
Modelos primitivos de comportamento que vivem dentro da gente e, geralmente, tomam decisões sem que a gente perceba.

Quando você começa a enxergar essas figuras, sua forma de enxergar a realidade muda.

Você para de se sentir estranha, quebrada, confusa.
E começa a entender que todos os seus lados fazem sentido.
Mesmo os mais sombrios.

Essa é uma jornada que envolve olhar para si.
Não necessariamente para se consertar, mas para se reconhecer.

Porque só é capaz de mudar quem se reconhece.

O palco interno: você é mais de um

Você já se sentiu como se estivesse em guerra com você mesma?

Como se várias vozes estivessem debatendo cada decisão dentro da sua cabeça?
Uma quer se expor mais. A outra quer sumir.
Uma quer inovar. A outra prefere o que é seguro.
Uma quer escrever. A outra diz que você não é bom o bastante.


Você é feita de partes. E cada parte sua tem uma história, um papel, um tom de voz.
Sua mente é um palco. E, como num teatro, onde diferentes personagens entram e saem de cena o tempo todo.

Tem o personagem que quer agradar todo mundo: ele é educado, ansioso e vive pedindo desculpas por existir.
Acredita que, se todos gostarem dele, ele será amado.

Mas, logo depois, entra em cena o rebelde.
Ele não escuta ninguém.
Não quer seguir regras, quer explodir tudo e recomeçar do zero.
É corajoso, mas também inconsequente.

E então surge a criança.
Assustada.
Quer colo. Quer paz.
Mas também quer brincar. Quer criar. Quer fazer do trabalho uma grande brincadeira de inventar coisas novas.

Esse é o seu elenco.
Você pode até não ver, mas eles estão aí.
Falando o tempo todo. Disputando sua atenção e pedindo espaço.

O problema é que, quando você não sabe quem está falando, você se perde.

Você toma decisões que não entende.
Você sente coisas que não batem com a imagem de quem acha que deveria ser.
Você se julga por ter dias de pura coragem… e dias em que não consegue sair da cama.

Mas e se, em vez de tentar ser uma só coisa, você aceitasse que é feita de muitas?

E se, em vez de lutar para silenciar certas vozes, você aprendesse a escutá-las com mais clareza?

Nós somos complexos. E se não entendermos a complexidade, ela se torna confusa.


A complexidade nada mais é do que um conjunto de coisas simples. Só saímos da platéia e assumimos o controle do palco quando paramos de temer a idéia de que o complexo é complicado demais.

O que são arquétipos, afinal?

Existe uma linguagem que você fala desde que nasceu (mesmo sem saber).

Uma linguagem feita de símbolos.
De imagens que vivem dentro de você, mesmo que nunca tenham sido explicadas.
São ideias tão antigas quanto a humanidade.
Tão profundas que sobrevivem ao tempo, à cultura, à lógica.

São os arquétipos.

Não são personagens criados por roteiristas.
São padrões de comportamento que vivem no inconsciente coletivo e estão com você desde que nasceu.

O herói.
A criança.
O cuidador.
O sábio.
O rebelde.
A sombra.

Cada um deles é um modelo de comportamento que você reconhece de forma instintiva, mesmo sem colocar em palavras.
Você sente o que é um herói. Intui o que é uma sombra. Compreende a criança…

Eles não são apenas conceitos.
São vozes que vivem em você.

Quando sente vontade de salvar o mundo, ou provar seu valor — é o herói que fala.
Quando cuida de alguém sem esperar nada em troca, quem age é o cuidador.
Quando quer gritar, quebrar tudo, sumir do sistema — é o rebelde em cena.
Quando quer colo, ou quando se sabota, ou quando só quer brincar — é a criança que chama.
E quando sente inveja, raiva, vergonha, e tenta esconder…
É a sua sombra que se manifesta.

Você não escolhe esses arquétipos.
Eles já estão aí.
Vivendo. Agindo. Influenciando decisões, reações, atitudes.

É por isso que você reage de formas que nem entende.
Tem dias em que acorda forte.
E outros em que tudo parece frágil e incerto.

Carl Jung dizia que os arquétipos são como rios subterrâneos.
Você não os vê — mas sente quando eles movem as águas da sua vida.

E a melhor parte?
Quando você começa a reconhecê-los, você para de brigar com você mesma.

Quem está no comando agora?

“A verdadeira liberdade começa quando você sabe quem está no volante.”

Você já reparou como sua energia muda dependendo do lugar, da pessoa ou do dia?

Tem dias em que você está calma.
Paciente. Amorosa.
E, do nada, em outro momento, é como se um vulcão despertasse dentro de você.
Irritação e impulsos.

O mundo lá fora permanece o mesmo, mas o mundo dentro de você mudou.

A vida aciona botões invisíveis.
Situações específicas ativam partes específicas de você.
Às vezes, você encontra alguém que desperta sua criança.
Outras vezes, alguém aciona sua sombra.

O problema é que, se você vive no piloto automático, nem percebe quando essas trocas acontecem.
Você só sente o efeito — cansaço, culpa, arrependimento, e confusão.
E começa a pensar:
“Por que eu fiz isso?”
“Por que falei aquilo?”
“Por que estou me sentindo assim?”

A resposta, quase sempre, está na troca silenciosa de vozes internas.

Você não precisa eliminar nenhuma parte sua.
Elas têm um motivo pra existir.
O herói quer te proteger da mediocridade.
A sombra quer te proteger da rejeição.
A criança quer te lembrar do que te faz bem.

O problema não é tê-los.
O problema é não saber quando estão no comando.

É como estar num carro acelerando sem ter ideia de quem está com as mãos no volante.

O autoconhecimento começa aí.
No momento em que você para tudo e se pergunta:

“Quem está no volante agora?”


Quando você percebe quem está guiando, você pode escolher se vai continuar no caminho ou mudar a rota.

Consciência não é controle.
É clareza.

E clareza é o que separa quem vive perdido e de quem começa, finalmente, a ter clareza de quais escolhas deve tomar.

O poder de dar nome aos seus personagens

“Nomear é domar.” — Clarissa Pinkola Estés

Tem algo mágico que acontece quando você dá nome a uma coisa.
Ela deixa de ser um borrão e vira forma.

Com suas partes internas, acontece o mesmo.
Enquanto você não nomeia, tudo parece um emaranhado confuso de impulsos, sensações e ruídos internos.

Mas quando você dá nome…
Você ganha poder sobre aquilo.

Você percebe que não é a sua raiva —
é a sombra falando.
Você entende que não é só um medo bobo —
é a criança ferida pedindo colo.
Você enxerga que esse esforço exagerado —
é o herói lutando pra provar que vale algo.

Dar nome é um ato de consciência.
E consciência muda tudo.

Pense como um diretor de teatro.
Antes do ensaio começar, ele chama os atores pelo nome.
Dá o papel certo pra cada um.
Organiza as falas.
Define o tom.

Agora pense em você.

Quantas vezes sua criança assumiu o volante e fez você desistir de um projeto por insegurança?
Quantas vezes sua sombra sabotou um relacionamento?
Quantas vezes o herói te empurrou pro burnout?

Você precisa virar a diretora.
Dar nome a cada um.
Criar um diálogo interno.

Ao nomear, você não se julga.
Você escuta.
Você reconhece e assume o controle.

Essa é a diferença entre viver sendo puxado por impulsos…
e viver com clareza sobre quem está agindo em você.

Dar nome não é perder tempo.
É retomar o comando.
É sair do piloto automático.
É se tornar, de fato, autor da sua história.

Quem é você quando ninguém está olhando?

Agora você talvez tenha uma nova resposta pra essa pergunta.

Você é muitas.
Um elenco inteiro vivendo dentro do mesmo corpo.
Com desejos diferentes. Medos diferentes.
Com histórias que você nunca contou.
E outras que estavam aí, escondidas, esperando ser descobertas.

Mas você também é aquela que pode observar tudo isso de cima.

Você pode ver o herói… sem se deixar engolir por ele.
Pode acolher a criança… e ainda assim manter seus limites.
Pode ouvir a sombra… sem permitir que ela tome o controle.
Pode até deixar o rebelde gritar…
e, ainda assim, escolher o caminho da maturidade.

E nosso objetivo não é ignorar as partes que nos tornam reféns da imaturidade, é reconhecê-las.

Quando você sabe quem está no comando,
quando dá nome aos seus personagens internos,
quando para de fugir de si mesmo…

Tudo muda.

Você deixa de ser passageira.
Deixa de ser refém.
Deixa de ser o palco…
e se torna, enfim, a diretora da peça.

A verdade é que o equilíbrio emocional que você tanto busca
não vem de silenciar todas as vozes.

Vem de saber quem está falando em cada momento, e escolher com coragem qual delas irá guiar os próximos passos.

Até a próxima edição.

Confira os destaques da semana. 🌹

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