Disciplina

Disciplina é a base de qualquer virtude.

Disciplina não nasce no momento em que sabemos o que precisa ser feito. Não basta saber as regras do jogo para jogá-lo bem. A disciplina não é apenas sobre saber, é sobre pensar.

Pensar é o ato que conecta o desejo ao dever. É um intervalo entre o que queremos e o que devemos. Quando não damos espaço para pensar, agimos pela emoção. Quantas vezes você comprou algo, que nem precisava tanto, só porque estava escrito: “É só hoje.” ou “Restam apenas 2 unidades." As decisões precedidas desses gatilhos, são emocionais.

Sem pensar racionalmente, fazemos o que queremos fazer, não o que precisamos fazer. E é aí que a disciplina desmorona.

Qual foi a última vez que você realmente pensou?

Não apenas reagiu, não apenas seguiu um hábito, mas desafiou o primeiro pensamento que surgiu e escolheu trilhar um caminho novo?

Bob Proctor afirmava que apenas 2% das pessoas realmente pensam, enquanto 3% acreditam que pensam e 95% simplesmente não pensam. Você pode se perguntar: Como assim? Eu sempre penso antes de tomar uma decisão. 

Mas será que realmente pensamos? Ou será que o que chamamos de pensamento são apenas respostas automáticas?

O primeiro pensamento que vem à mente é quase sempre um vestígio de nossas crenças, experiências passadas ou opiniões que ouvimos tantas vezes que passamos a tomar como nossas. Isso pode ser bom ou muito ruim.

Mesmo que isso seja bom, isso não exclui a necessidade de pensar. Sim, pensar dá trabalho. Exige esforço mental e emocional. Pensar é olhar para si mesma e questionar:

- Por que acredito nisso? 

- De onde veio essa ideia? 

- Essa escolha está realmente alinhada com meus valores e objetivos? 

Enquanto não fazemos isso, continuamos operando no "piloto automático", como se fossemos personagens de um roteiro que nem sequer escrevemos. É exatamente isso que Bob Proctor queria dizer:

Se não pensamos, não escolhemos. Simples assim. Sem o pensamento verdadeiro, somos como folhas ao vento, movidos por influências externas e impulsos internos que nunca questionamos.

E a disciplina?

Ela não nasce de um desejo vago de mudar, mas da prática constante de pensar antes de agir. Cada vez que refletimos antes de ceder a um impulso, fortalecemos nossa mente. Cada escolha consciente nos aproxima da pessoa que queremos ser.

O músculo da disciplina

Disciplina não é dom, mas um resultado de escolhas conscientes, feitas repetidamente até que se tornem automáticas. Para que isso aconteça, é necessário treinar a mente para refletir antes de agir. Esse momento de reflexão nos permite:

1. Reconhecer os impulsos imediatos e questioná-los.

2. Comparar o prazer momentâneo com o longo prazo.

3. Reafirmar os valores e objetivos que regem a nossa vida.

Sem o pensamento racional, somos governadas pelo querer. O querer sussurra que tudo bem deixar para depois, que um pequeno desvio não faz mal. É aqui que muitos falham, porque subestimam o poder do pensamento como ferramenta de decisão.

Pensar no que precisa ser feito não é apenas mentalizar tarefas ou planejar, mas também cultivar a capacidade de priorizar o longo prazo sobre o curto prazo. Essa é a essência da disciplina: renunciar ao que é fácil agora para conquistar o que é extraordinário no futuro.

A disciplina é menos sobre força de vontade e mais sobre consciência. É um exercício constante de questionamento:

- Qual o próximo passo?

- O que eu preciso fazer agora?

- Qual escolha está alinhada com meus princípios?

A resposta a essas perguntas, quando respondidas de forma honesta, geram desconforto e sempre buscamos nos desviar delas buscando justificar a resposta que vai contra aquilo que sabemos que precisamos fazer.

Fortalecer o músculo do corpo é mais fácil do que fortalecer o músculo da disciplina.

O que vai determinar seu nível de disciplina não é seu desejo, mas o tempo que você dedica a pensar antes de reagir.