Quando a culpa insiste em ficar

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E se a escolha de continuar ou terminar um relacionamento dissesse mais sobre quem somos do que sobre quem amamos?

Poucas decisões nos colocam tão frente a frente com nós mesmos quanto essa: permanecer ou partir. Não se trata apenas do outro — mas da pessoa que nos tornamos (ou deixamos de ser) após essa decisão.

Ficar ou partir. Amar ou se proteger. Cuidar do outro ou salvar a si mesmo.
Nenhuma dessas escolhas vem sem dor. Porque toda escolha exige uma renuncia.

Renunciar à ideia de futuro que vocês construíram juntos.
Renunciar às pequenas rotinas que traziam segurança.
Renunciar à esperança de que, talvez um dia, tudo mudasse.

Essa é a dor que podemos chamar de luto simbólico — um tipo de luto que não envolve morte, mas que carrega todas as suas marcas de uma perda: saudade, vazio, confusão, raiva, negação.

A vida imaginada com aquela pessoa... não vai mais acontecer.
E isso é, por si só, uma espécie de fim do mundo.
Não o mundo real. Mas o seu mundo emocional.

Renunciar não significa não amar.
Às vezes, o amor verdadeiro está justamente em perceber que continuar seria um gesto de teimosia, não de cuidado.
Que ficar significaria ferir, controlar ou apagar a si mesma.

E, mesmo depois do fim, é comum surgirem as perguntas silenciosas:

• “E se eu tivesse tentado mais?”

• “Será que eu desisti cedo demais?”

• “Será que a culpa foi minha?”

Essas perguntas doem porque tocam a raiz da nossa culpa:
a ilusão de que poderíamos ter evitado a dor se tivéssemos feito diferente.

Mas não podemos ignorar que o fim não aconteceu “do nada”. Ele começou com palavras não ditas, com a falta de respeito, com a insegurança com as feridas que provocaram cicatrizes.

Foram as atitudes sem amor que levaram ao fim.

Alguns caminhos não são sobre chegar juntos. São sobre ter aprendido a hora de parar.

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Até a próxima. 🌹